...Não se enganam só os tolos. Pode engar-se toda a gente. Até mesmo uma veterana actriz como Eunice Muñoz. E por que digo isto? Porque chega a ser indecoroso o cerco que a SIC anda a fazer-lhe. Primeiro foi o Globo de Ouro de Mérito e Excelência, agora foi uma reportagem ultra-especial com direito a entrevista e mais não sei o quê a propósito dos seus 80 anos. Não que não o mereça, pelo contrário. É só porque tendo em conta a conjuntura actual (linda expressão!) - em que a estação de Carnaxide já deixou claro que entrou na guerra - isto parece uma forma económica de aliciar um profissional a fazer parte do lote de exclusivos do canal. O que seria de esperar é que a TVI é que andasse atrás da Eunice Muñoz a fazer especiais de toda a natureza.
E se a SIC não está interessada em Eunice Muñoz, olhem, desculpem lá a ousadia, mas não percam tempo. Não acham que uma reportagem especial seria suficiente? Seria mesmo necessário inundar todos os noticiários?
O mercado televisivo está ao rubro. Por um lado, a SIC tem feito um ataque cerrado às estrelas da TVI, perdão, das novelas da TVI. Que é como quem diz gente que era de ninguém e que agora vai poder inflacionar os seus ordenados graças à livre concorrência. O quarto canal ficou KO com as contratações de Cláudia Vieira e Diana Chaves. Num outro combate completamente diferente, foi a RTP que levou o canal de José Eduardo Moniz ao tapete: ficou com os direitos de transmissão dos jogos da Primeira Liga este ano, por 16 milhões de euros, mais emissões dos Jogos Olímpicos e Jogos do Mundial 2010. Escusado será dizer que o assunto causou azia para os lados de Queluz. A história pode ser lida no Correio da Manhã de hoje, onde o director-geral e o administrador Miguel Gil dizem cobras e lagartos. O primeiro chama "braço armado do governo" ao primeiro canal; o segundo diz que quer conhecer os termos do acordo. Tudo gravíssimo, mas, previsivelmente, sem remédio. Embora, claro, seja legítimo perguntar se a RTP realmente precisa de futebol para cumprir com os seus deveres de estação de serviço pública. Um jogo de futebol serve os interesses dos menos representados? Mas um jogo, pela sua natureza única e irrepetível, não devia chegar a todo o lado?
Ponto prévio: ao contrário de muitos e muitos portugueses que a puseram no quarto lugar da lista de programas mais vistos da tv, ontem, não vi a gala "Chuva de Estrelas" no Tivoli inteira, fui vendo. O suficiente para ter uma opinião e dizer que achei graça. Mas eu acho sempre piada a estas coisas: ver as estrelas de um canal de televisão a comportarem-se como todos nós quando há jantares de empresa, mas com um pouco mais de glamour. E, convenhamos, deve dar muitas dores de cabeça fazer com que aquilo que é trabalho, porque é, pareça apenas divertimento. Para nós podermos desfrutar de ar descontraído, cândido e divertido de Conceição Lino e Clara de Sousa (a imitarem os Abba) ou sofrer de nervos com a Rita Ferro Rodrigues (fez de Beatriz Costa), elas tiveram de certezinha que se esfalfar. Deve ser esse, aliás, o segredo destas coisas: parecer que não custa nada.
Outra questão é completamente diferente é perguntar se isto vale a pena? Assim, do nada, fazer-se uma gala lembrando o "Chuva de Estrelas" por nenhuma razão que não seja lembrar os bons velhos tempos. Parece que surgiu aqui um bocado só porque sim, o que me parece é que retira espectacularidade à coisa. Se fosse para celebrar um aniversário qualquer uma pessoa tinha umas balizas mentais para dizer "uau, passaram 10 anos". É só mesmo isso, ter uma falta de motivo para gostar incondicionalmente. Isto apesar de existir sempre aquele bónus que é ver quem está com quem na plateia e o que leva vestido. Uma coisa que depois tem outro efeito. Dá sempre muita vontade de comprar a "Caras".
Resultados da gala de ontem:
4 | SIC | 21:21:58 | CHUVA DE ESTRELAS NO TIVOLI | 10.9 | 28.4 |
Fonte: Mediamonitor